domingo, 22 de agosto de 2010

Laranja? Para onde foi o meu bronze?


Auto-bronzeadores. Esse tema me causa arrepios. Eu explico:

Meu primeiro contato com os auto-bronzeadores data de um congresso da Academia Americana de Dermatologia há alguns anos. Era um lançamento e fiquei empolgadíssima em usá-lo. Só não sabia o quão problemático seria.

O resultado é que paguei o maior mico do mundo. Manchas pelo corpo e uma cor amarelo icterícia indescritível. O bom é que muita gente nem tomou conhecimento disso. As roupas e maquiagem disfarçaram. Pouco tempo depois, fui investigar os motivos e vi que tinha feito tudo errado. A pressa é inimiga da perfeição e, no caso dos auto-bronzeadores, é uma grande verdade. Outro problema é que pessoas branquinhas ao extremo (como eu) tem uma enorme dificuldade em encontrar o tom ideal. Vejo e conheço muita gente que acha que está abafando com seu auto-bronzeador mas que está ridícula. Um fato indiscutível é que existem pessoas que nunca vão conseguir usar um auto-bronzeador sem parecer um tanto estranho. Outros vão se apaixonar e eleger o produto dos sonhos após alguns test drives.

Você que sempre quis ter a cor dos sonhos, esse post é para você. Sem ilusões. Vamos para as dicas.

O QUE VOCÊS PRECISAM SABER?

-No mercado temos auto-bronzeadores em espuma, loções, cremes, géis e sprays (tem até em lencinhos). Quanto mais fluido e menos cremoso mais treinado você deve estar para evitar manchas. A tendência hoje é que o produto já tenha cor para você ter noção de onde já foi aplicado, o que evita consideravelmente as manchas;
o Piz Buin SELF TANNING TINTED LOTION FACE AND BODY é um dos melhores e mais práticos para quem é iniciante;

-Atualmente, temos produtos voltados para peles mais claras e peles mais escuras. Em alguns mais modernos você pode dosar a concentração de acordo com o tom de pele.


-Se você tem a pele muito branca aconselho produtos para pele clara e bronzeamento gradual;

-Todos os auto-bronzeadores contem o DHA (
dihidroxiacetona) que é responsável pelo "bronze" . A concentração dele é que varia. O problema é saber a concentração de cada auto-bronzeador. Nenhuma marca diz e, por esse motivo, até pouco tempo atrás era desastroso para algumas pessoas usarem certas marcas genéricas (foi o meu caso). Hoje temos produtos para peles claras (com baixa concentração do DHA) e peles morenas (maior concentração);

-Existem auto-bronzeadores específicos para rosto e para corpo que variam na concentração do DHA. É importante que se respeite isso (no caso de peles sensíveis) para evitar reações desagradáveis, como alergias, afinal a pele do rosto pode reagir mal com altas concentrações do auto-bronzeador;

FORMA DE APLICAR:

Primeiramente: esfoliar o corpo todo alguns dias antes de iniciar a aplicação;

Passar hidratante em seguida (se o auto-bronzeador não tiver hidratante), isso ajuda na uniformidade da cor;

Iniciar a aplicação (com pouca quantidade do produto) pelo joelho, cotovelo, tornozelo (áreas críticas) e aplicar com luvas o produto;

Se você tiver olheiras, evite o uso na região para não piorar o problema.

Espere secar por uns 20 minutos e evite suar;

Aplicar de 2 em 2 dias é uma forma de não radicalizar na cor. Esse intervalo pode até ser maior;

Usar fotoprotetor, o auto-bronzeamento não protege dos malefícios do sol e portanto nada de arriscar a pele por aí.

A depilação deve ser feita dois dias antes do início da aplicação, descolorir pelos também.

E SE MANCHAR:

Esfoliar, esfoliar e esfoliar. Se não fizer nada em uma semana o problema se resolve por si só(em geral).

Com o tempo a pessoa vai se tornando expert na aplicação e nada de iniciar o uso de um auto-bronzeador na véspera de um evento importante. O ideal é fazer test drive com antecedência de uns 3 tipos (no mínimo) de auto-bronzeadores até você encontrar o tom mais adequado. Treinem, treinem e treinem! Fujam dos laranjas intensos e não cometam essa gafe!


P.S.Ou então para quem não tem muita paciência, lance mão de uma boa maquiagem, mais rápida e prática na minha opinião.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Aleitamento materno: o que ninguém fala.


Que o aleitamento materno é indiscutivelmente o melhor e mais completo alimento para o bebê isso todos nós já sabemos. As campanhas estão aí para reforçar a idéia no inconsciente coletivo (inclusive no meu).
O que ninguém comenta é o quão difícil essa missão é para algumas mulheres. No Brasil, apenas uma pequena parcela das mulheres conseguem amamentar até os 6 meses só com o leite materno. Esse é o motivo principal das campanhas incessantes.
Confesso que sendo médica eu já sabia muita coisa sobre aleitamento (na teoria, é claro), mas nada me preparou para o que venho enfrentando nas últimas semanas e espero que esse post sirva de alguma forma para as mães de primeira viagem ou aquelas que querem um dia amamentar, como eu.

Primeiro: a preparação deve ser iniciada ANTES do parto. Se o seu mamilo não é bem protuso (plano, semi-plano ou invertido) compre conchas rígidas e as use somente de dia. Tomar banho de sol nos seios também ajuda a preparar a pele no local.
Esses cuidados devem ser iniciados de preferência com 30 semanas de gestação. Se ainda assim os mamilos não se formarem existem os bicos de silicone, que para muitas podem ser recursos válidos (embora sejam alvos de muita crítica). Nesse primeiro momento, fuja dos obstetras que não examinam os seios no pré-natal.

Outros aspectos dignos de nota:

Colostro (leite inicial): não acredite se alguém falar que você não tem colostro ou que o mesmo é pouco. O estômago do bebê é tão pequeno que bastam aquelas gotas para satisfazê-lo. Esse início é fundamental. Amamente na sala de parto (ou pelo menos tente). Não se desgrude do bebê. E ofereça o seio sempre que possível. A informação gerada nos primeiros dias faz com que a produção seja calculada pelo corpo de acordo com a necessidade de cada bebê. A natureza é sábia.

A apojadura é outro momento de estresse (é o que chamamos de descida do leite): muito incômodo. Aqui a salvação pode ser uma bomba (eu indico a swing da Medela) para descongestionar e aliviar a dor.

Parto normal e cesárea: mulheres que passam por cesárea tem mais dificuldades para amamentar, pois o processo de descida do leite pode ser lentificado.

O bebê: não é só a mãe que tem que aprender o jeito certo de amamentar, mas o bebê também precisa aprender a mamar e a velocidade com que isso ocorre pode variar entre mãe e filho, gerando problemas. A icterícia pode deixar o bebê mais sonolento dificultando essa curva de aprendizagem. A língua curta e o palato duro (céu da boca) muito alto dificultam o bebê a sugar.Tem muitos outros probleminhas que contribuem para dificultar todo o processo, estou listando alguns dos mais importantes.

Peça para as enfermeiras da maternidade e familiares não se intrometerem na forma como você vai conduzir a situação. O estresse e sempre aquelas opiniões gratuitas (e desnecessárias) chovem nesse momento. Outro problema é que muitos pediatras e obstetras não estimulam muito o aleitamento materno. Por incrível que pareça o serviço público (alguns hospitais) é superior ao privado nesse tipo de orientação/estímulo.

Procure um banco de leite. No Rio de Janeiro, recomendo o do Fernandes Figueira, um serviço de primeiro mundo. Fui atendida não só por enfermeiras, como pediatras e fonoaudiólogas. Pena que não fui lá logo no início.

Pomadas para fissuras (rachaduras no seio): lansinoh (lanolina a 100%) é a melhor e o bebê pode entrar em contato com a mesma sem problema algum. Outro recurso é o próprio leite materno. Tem umas placas de gel que duram 7 dias que são fantásticas (cicatrizam tudo). Vendem na Cantinho da mamãe (empresa que também representa a Medela no Brasil)

Leitura sugerida: para ler antes do parto (como não fiz isso me arrependi amargamente depois): a encantadora de bebês inglesa Tracy Hogg tem dois livros em português (vide foto). Leitura recomendadíssima. Eu a descobri através de uma grande amiga que me presenteou com um deles.

Translactação: após muita gente me ensinar como fazer (e muitas vezes de maneira errada) hoje sou PhD nesse assunto. Esta é a última cartada. A sonda usada é a número 4 só para lembrar. Os sistemas existentes são o mammatutti e o SNS da Medela.

Cursos imperdíveis: a Stephanie, a nossa francesa/brasileira encantadora de bebês, é uma pessoa incrível que eu conheci nessa minha jornada e que me ensinou muitas dicas, a filosofia dela parece muito com a do livro da Tracy. Pena que a descobri muito tardiamente. Foi na internet, inclusive. As aulas delas de aleitamento materno estão sempre lotadas. Ela possui um cronograma com inúmeros temas e tem aula até para os avós.
Outros temas: primeiros socorros, enxoval. Acessem o site dela. E não comprem berços até conhecê-la, ok?Como eu e meu marido nos arrependemos depois que descobrimos como um quarto de bebê deve ser, pois o fazemos pensando em tudo menos no que realmente interessa aos nossos pequenos...

Voltando ao assunto...se ainda assim não houver sucesso, existem leites artificiais (melhores do que os do passado) com as quais se pode contar (idealmente até os 6 meses de vida deve conter DHA e ARA com ferro na fórmula)-é o famoso complemento. Necessário quando realmente não há produção suficiente de leite. Na minha jornada descobri que existe uma organização internacional só desse assunto. E tem muita mulher que não sabe a causa (que são inúmeras), mas sofre com esse problema. Só que NINGUÉM comenta.

Dessa forma, desculpem pela minha ausência, minha vida nessas últimas semanas se resume a essa "guerra". Confesso que irei até o meu limite. Cada um tem e sabe o seu. O que não se pode é prejudicar o crescimento e desenvolvimento do seu bebê, pois deixar de alimentá-lo por um ideal também não é saudável. Confesso que minha vontade em amamentar é muito grande, mas tudo tem um limite real que deve ser respeitado. A vida traz aprendizado a todo momento, quando você pensa que terminou você só está começando...

Uma boa semana a todos!